quarta-feira, 8 de julho de 2009

Exposição - parte 1

Exposição, individualmente, é *o* assunto mais importante que se pode estudar em fotografia. Se toda a teoria por trás da fotografia fosse um corpo de ópera, a exposição seria a nossa prima donna. Na exposição quase todos os conceitos, como abertura, velocidade, ISO se unem. A exposição, longe de ser apenas uma discussão técnica (que temos a opção de deixar a cargo da máquina, usando o modo "automático"), é também uma decisão artística. Você verá porquê.

No pequeno instante entre clicar o botão disparador a primeira vez e a foto ser registrada, acontece um monte de operações em uma câmera eletrônica, digital ou não. A câmera observa a quantidade de luz que está entrando, tenta medir a distância dos objetos ou pessoas, e calcula diversos ajustes possíveis para uma foto bem exposta. Tudo isso numa fração de segundo. E aí, ao se fazer o click, você julga se ela fez um bom trabalho entendendo o mundo através da sua lente, ou não.

A primeira coisa que você provavelmente irá conferir ao tirar uma foto foi se esta saiu escura ou clara demais. Estamos então, falando de exposição.

Quanto à exposição, uma foto pode ser de três tipos básicos:

Exposição normal: há equilíbrio entre as áreas de luz e sombras, e podemos divisar perfeitamente o objeto fotografado. Frequentemente mais de um objeto ou pessoa na foto estão iluminados de formas diferentes, então, exceto se estivermos usando iluminação artificial, há que se escolher o que vai ficar bem exposto e o que vai ser "sacrificado". No caso, a dançarina da esquerda (de branco) está melhor iluminada que a da direita. Se eu ajustasse a câmera para expor melhor a dançarina de rosa, perderia todos os detalhes da roupa clara da outra, por exemplo.

Superexposição: Eu vejo fantasmas... ;-)
Superexposição ocorre quando o ajuste não foi perfeito (dizer isso para a foto ao lado redefine a palavra eufemismo, mas vá lá), e mais luz do que o necessário atingiu o seu sensor digital ou filme. Os tons intermediários - como os tons de pele - se transformam em altas-luzes, ou seja, tendem a branco. Note que a superexposição não precisa ser da foto com um todo. Se o senhor no lado esquerdo da foto tivesse saído muito escuro, ou tivesse mesmo desaparecido nas sombras, eu consideraria a exposição correta desde que a dançarina estivesse iluminada adequadamente. Para falar a verdade, eu nem mostraria essa foto se não fosse pelo nobre intuito de ensinar fotografia...
Quando uma foto tem excesso de luz, diz-se que a luz ou a foto "estourou".

Subexposição: O exato oposto do anterior. As sombras predominam na foto, e faltam detalhes. Pode-se porém desejar propositadamente que a foto seja escura, dando um ar misterioso; ou muito claro, dando uma esfera por vezes divina; sim, exposição é mesmo uma decisão artística. Mas 99,999999999% das vezes o que queremos é uma exposição correta!






Um conceito importante para discutir exposição é...

O Fotômetro
O componente que existe em cada câmera para medir a intensidade da luz se chama fotômetro. Nos idos de outrora, bem antes ainda das máquinas eletrônicas com modo automático que você conhece, já haviam fotômetros, mas eles eram equipamentos externos (como esse ao lado), e não integrados ao equipamento. Esse tipo de fotômetro ainda é fabricado, mais moderno, logicamente, mas a sua utilização é restrita a profissionais ou amadores muito avançados, pois na maior parte dos casos pode-se medir bem a luz usando apenas o fotômetro interno da câmera e no máximo um grey card (cartão de papelão usado para, entre outras coisas, ajudar a câmera a medir a luz com precisão, por ter uma reflexividade padrão). Mas o que você precisa saber é que a sua máquina digital *tem* um fotômetro. Na maioria dos projetos atuais este mede a luminosidade através da própria lente da câmera.

Agora que você com certeza sabe o que é um fotômetro, saiba que, após consultar o seu fotômetro interno, o ajuste que a câmera faz para controlar a exposição é justamente uma combinação de abertura, tempo de exposição e ISO. Para deixar a câmera captar *mais luz*, podemos controlar a câmera para fazer quaisquer destas operações, até os limites que a câmera / lente permitam:
  • Aumentar o tempo de exposição
  • Aumentar o ISO
  • Aumentar a abertura da lente

Obs 1: em se falando de abertura, números "f" menores indicam aberturas maiores - mais luz entrando pela lente. Então se sua lente estiver ajustada para abertura f/4, e você alterar o ajuste para f/5.6, na verdade você a ajustou para entrar menos luz pela lente - a metade da luz, no caso. Caso você tenha se perguntado, não, a escala de aberturas não é linear...

Obs2: Um fotômetro que serve para medir a luminosidade emitida por um flash se chama flash meter, literalmente, medidor de flash. Grande parte dos fotômetros atuais funciona como fotômetro comum e como flash meter também.

Continuaremos no tema exposição no próximo post, onde começaremos a arranhar as aplicações práticas dos ajustes que afetam a exposição. Abs!

Um comentário: