quarta-feira, 10 de junho de 2009

Por que a minha foto tremeu?

Dando continuidade ao nosso post anterior, chegamos à conclusão (simplificando) que as fotos tremem quando a velocidade do obturador (velocidade do clique) é lenta demais (diz-se baixa demais) para o que se quer fotografar e/ou muito suscetível ao tremor da mão do fotógrafo.

E deixamos uma pergunta em aberto: qual é essa velocidade mínima segura para se tirar uma foto, então? De que isso depende?

Depende especialmente da lente que você está usando ou que a sua máquina é dotada.
Vou dar um exemplo: se você tem uma compacta Sony DSC-W215 (a Sony vende muito bem aqui no Brasil, não é?). Essa máquina possui uma lente zoom equivalente, em formato 35mm, a 30mm-120mm. Quer dizer, a lente, quando está na sua perspectiva mais ampla (grande-angular) é uma 30mm e quando esta está toda esticada (tele-objetiva) corresponde a 120mm.

– No lado que corresponde a 30mm você deve usar pelo menos 1/30s.
– No lado que corresponde a 120mm você deve usar pelo menos 1/120s. Ops, não existe! Então use a imediatamente mais rápida: 1/125s.
– No meio do caminho, se você não souber qual a distância focal sendo empregada, tente arredondar, ou fique com a velocidade mais próxima de 1/120s quanto possível.

Percebeu? Quanto mais curta (grande-angular) a lente, menos velocidade você precisa para ter uma foto sem tremor; quanto mais longa a lente, maior tem que ser a velocidade. A regra prática é 1 / distância focal da lente sendo utilizada. Então, se na noitada, você resolve não usar flash e sua máquina registra uma velocidade da ordem de 1/4s, 1/2s... vai tremer. Mesmo com estabilizador ótico vai tremer.
Você precisa de 1/30s sem o estabilizador ótico, e 1/8s com o uso deste para ter uma BOA CHANCE de conseguir uma foto não tremida (ou de uma mão feita de concreto armado). O estabilizador ajuda, mas não é 100% eficiente. (Vou entrar no mérito do estabilizador ótico num futuro próximo, combinado?)

Agora, se você usou um tripé e o objeto não se moveu (ex: você fotografou um prédio à noite), bem, a foto não ficará tremida. Pois um tripé bem armado não treme, a não ser que você resolva chutá-lo. Novamente, trata-se de trambolho, mas um muito útil.

Obs: fotógrafos de natureza, como os da National Geographic, bem como muitos outros, utilizam o tripé *mesmo* que a máquina acuse uma velocidade segura para uma foto sem tripé. No caso de vários profissionais, a busca pela nitidez absoluta é uma cruzada pessoal. Se você não é profissional e vai imprimir no máximo em 15x10cm, isso provavelmente não vale para você.

Então você pode estar pensando, "vou utilizar a velocidade de obturador mais alta que a máquina permitir e está tudo resolvido". Menos, gafanhoto. Se você aumenta a velocidade, a luz entra por menos tempo na câmera e estimula menos o sensor digital. Para compensar, ou a lente tem que permitir uma maior abertura, ou você tem que pedir pro sensor trabalhar com menos luz (usar ISO maior) de modo a conseguir a mesma exposição. Uma dessas (ou ambas) devem ser aumentada de modo a ser possível compensar a perda de tempo de exposição, ou você vai obterá no final uma foto sub-exposta, ou seja, escura demais. Falamos disso outro dia também.

Ah, e quanto ao borrão devido ao deslocamento do objeto? Quase nos esquecemos dele.
Aí é difícil criar regras. Depende da velocidade do objeto e da distância que você está dele. Como via de regra, selecionando uma velocidade de pelo menos 1/250s está bem rápido para a maioria das aplicações. 1/125s é o suficiente boa parte das vezes. 1/60s já é considerado lento. 1/1000s "congela" uma gota d'água no ar. 1/16.000s consegue retratar uma bala atravessando um alvo. Veja aqui uma foto feita em alta velocidade: o tempo literalmente parece parar. Vale perceber que poucas máquinas atingem sequer a marca de 1/8.000 de segundo de velocidade (não sei de nenhuma que vá acima disso), mas como o disparo de flash é algo bem rápido, pode-se obter velocidades impressionantes como o 1/16.000s que falei, ou até mais.

Num próximo post explico o modo de Velocidade ("Tv" ou "S" dependendo da marca) que existe em boa parte das câmeras. Afinal, o que adianta compreender as velocidades sem poder controlá-las diretamente?

3 comentários:

  1. Tripé nelas :D! Essa escalinha de velocidades com os respectivos exemplos é muito boa como parâmetro!

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  2. Hummm, muito bom,já tinha visto mas não tinha aplicado!
    É... de volta ao mundo da fotografia manual.
    Se segura Sérvulo (e Gustavo)!

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  3. Na verdade estava falando do post sobre o ruído digital... mas tudo bem...

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