segunda-feira, 15 de junho de 2009

Entendendo ISO

O conceito de ISO (ou ASA) remonta à era do filme (falando assim parece até que foi há muito tempo); ISO é uma medida que informava a velocidade de um filme; Um filme rápido é aquele que precisa de relativamente pouco tempo exposto à luz para uma ter exposição adequada; um filme lento é exatamente o contrário, necessitando ficar exposto à luz por mais tempo para ter uma exposição correta.

Bem, a era do filme já passou (exceto para alguns profissionais extremamente especializados, ou para os incuravelmente românticos), e se manteve essa unidade de medida para sensibilidade também nas máquinas digitais. Por quê? Ora, poder-se-ia ter criado uma medida nova, mas qual a vantagem, exceto confundir a cabeça de quem já fotografa há muito tempo?
As medidas de ISO mais comuns eram (e ainda são): 64 - 100 - 200 -400 - 800 - 1000. Um filme de ISO 200 tem o dobro da sensibilidade de um de ISO 100, e portanto requer apenas 50% da luminosidade que o outro necessita para ter a mesma exposição. Um de 400, o dobro da sensibilidade do filme de ISO 200, e assim por adiante.

E então, como funciona isso tudo? O(a) prezado(a) leitor(a) deve saber que a luz visível é composta por partículas chamadas fótons. Eles estimulam a nossa retina, nos fazendo ver, e também estimulam o filme fotográfico (ou, no caso, o sensor digital) da nossa câmera, provocando uma reação, de maneira análoga à retina humana. Quando a quantidade de luz é na medida exata para a sensibilidade do filme ou sensor, temos uma exposição correta. O filme fotográfico é feito de pequenos grãos de sais de prata, que mudam de forma ao serem atingidos pela luz. Mais tempo o grão é exposto à luz, maior a chance dele ser atingido por um fóton.

Mas e se há pouca luz disponível? Menos luz, menos fótons entrando pela lente, certo? E menos fótons, menor a chance do nosso filme (ou sensor) ser atingido por fótons. Mas há uma solução! E se os grãos de prata do filme fossem maiores? Ora, se a seta é menos precisa, aumentamos o tamanho do alvo que fica mais fácil acertar. E é exatamente assim que funciona o filme rápido: os grãos são maiores, e assim mais fáceis de serem atingidos pelos fótons e serem expostos adequadamente. (Há outras maneiras de conseguir uma exposição correta quando a luz diminui: aumentando a abertura da lente, que abordarei no futuro, ou aumentando o tempo de exposição, que já abordei em outro tópico).

Bem, voltando ao mundo digital, ao contrário do fotógrafo que usa película, não precisamos mudar de filme quando as condições de luz pedem maior ou menor velocidade do nosso "filme": com um simples ajuste avisamos à câmera digital que estamos usando "filme lento" (ISO baixo) ou "filme rápido" (ISO elevado), o que é, afinal, uma das maiores vantagens da fotografia digital. A máquina dá seu jeito de eletricamente compensar a falta de luz, aumentando a sensibilidade do sensor, ou digitalmente processa a imagem que capturou sub-exposta para uma aparente exposição correta.

Ótimo, mas deve ter uma pegadinha, né? Sempre tem; não dá pra fazer do nada alguma coisa. Mesmo na época do filme, o filme lento (ISO 100 para baixo) justamente por causa dos grãos menores exibia maior detalhe do que o filme rápido. O filme rápido manifesta sua maior sensibilidade através da exibição de grãos maiores nas ampliações (sim, o grão maior é visível a olho nu quando ampliamos razoavelmente a fotografia). Isso pode ser muito estético ou não, muitos usavam filme rápido apenas para ter o efeito de granulado nas fotos.

Mas e na fotografia digital, a foto fica granulada? Sim!!! Mas de uma forma completamente diferente, infelizmente.... o granulado da máquina que usa película é bem mais bonito, lamento dizer. O ruído digital não é nada estético.

Mas o leitor ou leitora poderá argumentar que nunca percebeu o tal ruído em suas fotos, mesmo em ISO 1.000 ou mais. É possível, mas não quer dizer que ele não exista. As câmeras utilizam-se de um processamento digital para disfarçar o (feio) ruído digital, dando um efeito que parece que a foto está borrada; isso pode ajudar, ou pode eliminar todo o detalhe das fotos, dando a esta uma aparência de ser uma ilustração...

Na próxima postagem eu entro justamente nesse assunto: a degradação da imagem causada pelo ISO elevado.

Em tempo: ISO se refere à International Standards Organization, organização destinada padronização industrial. No caso de películas fotográficas, estamos falando da norma 5.800 da ISO, específica para isso.


Abs!!!

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