quarta-feira, 8 de julho de 2009

Notícias que Quebram ;-)

Na falta de uma tradução decente para o português do termo "breaking news", fiquei com uma tradução literal que, se bem que totalmente errada, acho bem engraçada, hehe.

No newsletter da B&H Photo (que é bem interessante, aliás) saiu um artigo bem interessante mesmo sobre a pequenina "quase-reflex" Olympus EP-1, vulga "Olympus Digital Pen". Já falei dela no post "Uma pequena revolução no ar",
para quem não leu. É, em um mercado cheio de novidades o tempo todo, com modelos pipocando entre uma feira e outra de fotografia, essa gracinha está conseguindo chamar *muita* atenção...

Abs!

Exposição - parte 1

Exposição, individualmente, é *o* assunto mais importante que se pode estudar em fotografia. Se toda a teoria por trás da fotografia fosse um corpo de ópera, a exposição seria a nossa prima donna. Na exposição quase todos os conceitos, como abertura, velocidade, ISO se unem. A exposição, longe de ser apenas uma discussão técnica (que temos a opção de deixar a cargo da máquina, usando o modo "automático"), é também uma decisão artística. Você verá porquê.

No pequeno instante entre clicar o botão disparador a primeira vez e a foto ser registrada, acontece um monte de operações em uma câmera eletrônica, digital ou não. A câmera observa a quantidade de luz que está entrando, tenta medir a distância dos objetos ou pessoas, e calcula diversos ajustes possíveis para uma foto bem exposta. Tudo isso numa fração de segundo. E aí, ao se fazer o click, você julga se ela fez um bom trabalho entendendo o mundo através da sua lente, ou não.

A primeira coisa que você provavelmente irá conferir ao tirar uma foto foi se esta saiu escura ou clara demais. Estamos então, falando de exposição.

Quanto à exposição, uma foto pode ser de três tipos básicos:

Exposição normal: há equilíbrio entre as áreas de luz e sombras, e podemos divisar perfeitamente o objeto fotografado. Frequentemente mais de um objeto ou pessoa na foto estão iluminados de formas diferentes, então, exceto se estivermos usando iluminação artificial, há que se escolher o que vai ficar bem exposto e o que vai ser "sacrificado". No caso, a dançarina da esquerda (de branco) está melhor iluminada que a da direita. Se eu ajustasse a câmera para expor melhor a dançarina de rosa, perderia todos os detalhes da roupa clara da outra, por exemplo.

Superexposição: Eu vejo fantasmas... ;-)
Superexposição ocorre quando o ajuste não foi perfeito (dizer isso para a foto ao lado redefine a palavra eufemismo, mas vá lá), e mais luz do que o necessário atingiu o seu sensor digital ou filme. Os tons intermediários - como os tons de pele - se transformam em altas-luzes, ou seja, tendem a branco. Note que a superexposição não precisa ser da foto com um todo. Se o senhor no lado esquerdo da foto tivesse saído muito escuro, ou tivesse mesmo desaparecido nas sombras, eu consideraria a exposição correta desde que a dançarina estivesse iluminada adequadamente. Para falar a verdade, eu nem mostraria essa foto se não fosse pelo nobre intuito de ensinar fotografia...
Quando uma foto tem excesso de luz, diz-se que a luz ou a foto "estourou".

Subexposição: O exato oposto do anterior. As sombras predominam na foto, e faltam detalhes. Pode-se porém desejar propositadamente que a foto seja escura, dando um ar misterioso; ou muito claro, dando uma esfera por vezes divina; sim, exposição é mesmo uma decisão artística. Mas 99,999999999% das vezes o que queremos é uma exposição correta!






Um conceito importante para discutir exposição é...

O Fotômetro
O componente que existe em cada câmera para medir a intensidade da luz se chama fotômetro. Nos idos de outrora, bem antes ainda das máquinas eletrônicas com modo automático que você conhece, já haviam fotômetros, mas eles eram equipamentos externos (como esse ao lado), e não integrados ao equipamento. Esse tipo de fotômetro ainda é fabricado, mais moderno, logicamente, mas a sua utilização é restrita a profissionais ou amadores muito avançados, pois na maior parte dos casos pode-se medir bem a luz usando apenas o fotômetro interno da câmera e no máximo um grey card (cartão de papelão usado para, entre outras coisas, ajudar a câmera a medir a luz com precisão, por ter uma reflexividade padrão). Mas o que você precisa saber é que a sua máquina digital *tem* um fotômetro. Na maioria dos projetos atuais este mede a luminosidade através da própria lente da câmera.

Agora que você com certeza sabe o que é um fotômetro, saiba que, após consultar o seu fotômetro interno, o ajuste que a câmera faz para controlar a exposição é justamente uma combinação de abertura, tempo de exposição e ISO. Para deixar a câmera captar *mais luz*, podemos controlar a câmera para fazer quaisquer destas operações, até os limites que a câmera / lente permitam:
  • Aumentar o tempo de exposição
  • Aumentar o ISO
  • Aumentar a abertura da lente

Obs 1: em se falando de abertura, números "f" menores indicam aberturas maiores - mais luz entrando pela lente. Então se sua lente estiver ajustada para abertura f/4, e você alterar o ajuste para f/5.6, na verdade você a ajustou para entrar menos luz pela lente - a metade da luz, no caso. Caso você tenha se perguntado, não, a escala de aberturas não é linear...

Obs2: Um fotômetro que serve para medir a luminosidade emitida por um flash se chama flash meter, literalmente, medidor de flash. Grande parte dos fotômetros atuais funciona como fotômetro comum e como flash meter também.

Continuaremos no tema exposição no próximo post, onde começaremos a arranhar as aplicações práticas dos ajustes que afetam a exposição. Abs!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Objetiva de marca ou "Genérica"?

Esse artigo é destinado aos usuários (ou candidados a usuários) de DSLRs, então, se você não é um desses, cuidado ao ler; os efeitos colaterais podem incluir gastar muito mais dinheiro em fotografia, rsrs.

Muitos já sabem que comprar uma câmera DSLR de uma marca (ex: Canon) implica que você não poderá usar lentes de outras marcas (ex: Nikon), pois os encaixes das câmeras e lentes não são compatíveis. Há exceções, como as máquinas no formato 4/3rds (Olympus, Leica, Panasonic), que são compatíveis entre si, e câmeras da Fujifilm que podem usar lentes da Nikon, mas a regra geral é essa mesmo. Mas você não está 100% amarrado ao fabricante da sua câmera, afinal existem os fabricantes independentes, que fazem lentes compatíveis com os formatos das grandes marcas, e podem servir como ótimas opções, especialmente no quesito preço.

Na verdade, nem só de preço vivem os fabricantes independentes (os mais importantes são a Sigma, a Tamron e a Tokina). Algumas das lentes desses fabricantes são superiores às opções oferecidas pelos fabricantes originais nas suas respectivas categorias. A Tokina, por exemplo, é uma empresa com ótima reputação tanto no quesito qualidade ótica como durabilidade e qualidade no acabamento.

Se o preço é mais baixo e as características óticas são por vezes iguais ou melhores, posso comprar sem medo?
Infelizmente, há sempre algum porém. Os principais são, ou podem ser:
  • Compatibilidade Futura: As lentes da atualidade são eletrônicas, ou seja, tem chips internamente e trocam informações com a câmera sobre distância focal, posição do foco, abertura, etc. Algumas marcas não tem acesso aos códigos digitais usados pelos fabricantes originais, então usam de engenharia reversa para fazer um produto compatível. Esse trabalho de engenharia reversa pode ser excelente, ou não, então podem haver incompatibilidades, especialmente com modelos de câmeras ainda por ser lançados. A Sigma, por exemplo, usa engenharia reversa, enquanto que a Tamron (pelo menos no caso da Canon) paga à Canon para ter acesso aos códigos originais, o que garante uma compatibilidade 100% segura.
  • Durabilidade: Algumas lentes são fabricadas com projetos de menor durabilidade que os originais.
  • Controle de Qualidade: Quando você compra por exemplo uma lente da Nikon, não está comprando apenas um projeto e um produto, está comprando o controle de qualidade típico da Nikon (que tem muito boa fama nesse sentido). A Sigma, por exemplo, tem uma reputação muito inferior, com várias lentes atingindo o mercado com grande variação de qualidade entre as diferentes cópias. O que não quer dizer que seja uma má idéia comprar uma lente da Sigma, várias são ótimas compras; mas há que se verificar a qualidade da cópia antes de retirá-la da loja se possível, ou ver se há uma uma boa política de troca antes de comprar.
  • Velocidade e/ou precisão de foco: Algumas lentes "genéricas" apresentam qualidade ótica excelente, mas apresentam um foco menos preciso ou então mais lento, inferior ao apresentado pela versão "de marca". Um exemplo é a Tamron SP AF 70-200mm F2.8 Di LD, segundo o teste realizado pelo DpReview.
  • Preço de revenda: Ah, o preço de revenda costuma ser menor do que as originais, também; isso não será um problema se você não pensa em revender uma lente, certo?

Alguns exemplos de lentes "genéricas" que são sucesso de vendas, dando "trabalho" para as fabricantes de marca (usei nos links apenas os exemplos compatíveis com Canon, mas você pode ver no Photozone testes das mesmas lentes para outras plataformas, como Pentax, Nikon e Sony):

Algumas dessas lentes se destacam por terem melhor relação custo/benefício que as originais de marca. Outras, por atingirem um nicho em que não há nenhuma opção original equivalente. Mas logicamente a opção de comprar unicamente da marca original, considerando acima de tudo confiabilidade, maior rede de assistência técnica e bom preço de revenda é igualmente válida.

Obs1: A lente da foto, a Sigma AF 50mm f/1.4 EX DG HSM, foi, nos testes do DpReview, considerada superior à maioria das concorrentes de marca, especialmente em formato full-frame (DX); prova que há boas opções em termos de qualidade, e não só preço, no reino das "genéricas".

Obs2: Até pouco tempo atrás, só as lentes de marca eram dotadas de estabilizador ótico de imagem. Sigma e Tamron correram atrás e agora várias lentes de suas linhas já tem esse recurso, além de motor de foco ultrassônico (o mesmo que USM, HSM ou SW).

Obs3: Uma das opções apontadas, a Sigma AF 30mm f/1.4 EX HSM DC, vai perder muita popularidade agora, pelo menos nos meios "Nikonzeiros": A Nikon lançou a ótima (e relativamente barata), alem de pequena e leve, Nikon AF-S Nikkor 35mm 1:1.8G DX, que, além disso tudo, faz foco automático nas Nikon D40, D40x e D60, o que não acontece com essa Sigma.


E isso aí. Ate o próximo post!

terça-feira, 30 de junho de 2009

Fotografando direto pro PC

Fotografar e ver o resultado diretamente na tela do seu PC ou notebook, trocando aquelas míseras 3 polegadas (ou menos) de tela da câmera por uma de 15 (ou quem sabe uma TV de 34" ligada ao notebook), podendo ver os detalhes, o foco, o equilíbrio das luzes, tudo de uma vez só... parece complicado? Com o equipamento certo é bastante simples, aliás, sendo especialmente útil para os profissionais, onde tempo é realmente dinheiro. Ver imediatamente uma foto ampliada, verificando se essa tem que ser repetida ou não, isso não tem preço.

Algumas câmeras possuem esse recurso de fábrica: chama-se tethered shooting, e normalmente exige um cabo ligando a máquina ao PC, o que pode ser bem incômodo exceto no ambiente controlado de um estúdio; mas... sabia que dá pra fazê-lo sem fio, também? Usando (quase) qualquer câmera*?

Uma solução interessantíssima são os cartões de memória SD (Secure Digital) da Eye-Fi, que já vem com uma placa de rede Wi-Fi integrada. Basta clicar e as fotos são transferidas para o seu PC, assumindo que ele também tenha uma placa Wi-Fi e o software da Eye-Fi já configurado. O software é tão esperto que pode ser configurado para enviar as fotos automaticamente, através do seu Pc, para vários sites de álbuns de fotos. Ou seja, dá para enviar fotos quase que em tempo real para os seus amigos ou clientes, automaticamente. Instantâneo não é a palavra precisa, pois o cartão pode levar alguns segundos para enviar as fotos para o Pc, dependendo da resolução, e o pc, mais alguns momentos enviando via internet. Mas a comodidade de fazê-lo simultaneamente ao armazenamento da foto é algo incomparável.

Então se o seu barato é fotografar e ver em uma tela grande, grande mesmo, na mesma hora... os cartões da Eye-Fi são a solução. E não são tão caros assim. No momento em que escrevo, um dos modelos de 4Gb custa U$ 79,95, lá nos EUA...

Obs1 (*): A Eye-Fi só fabrica cartões no formato SD (Secure Digital), deixando de fora as câmeras da Sony (que usam Memory Stick), muitas da Olympus (que usam o formato Xd) e muitas câmeras high-end, que usam cartão Compact Flash. Muitas câmeras high-end possuem suas próprias soluções para tethered shooting, porém.

Obs2: Se você tem uma câmera da Canon, você provavelmente já pode utilizar tethered shooting sem ter que comprar nenhum acessório, basta o cabo que você usa para baixar as fotos e o software que já acompanha a câmera. Você pode aprender como se faz o truque nesse link (em inglês)

Obs3: Há softwares de terceiros específicos para
tethered shooting. Não os experimentei, mas você pode ver um deles aqui.

Obs4: Há modelos da Eye-Fi que transmitem apenas imagens JPG, outros transmitem JPG e RAW, outros também transmitem vídeo. Se você se interessar em comprar um, certifique-se de comparar bem os modelos antes de adquirir.


Obs5: O modelo da foto é o meu lindo sobrinho, Bernardo. Morram de inveja!

Abs!

sábado, 27 de junho de 2009

Comprando uma câmera aqui e "lá fora"

Se você estivesse nos EUA e quisesse uma nova câmera, provavelmente pegaria o seu carro* e iria a uma loja da cadeia Tiger Direct ou outra similar, e lá encontraria quase qualquer coisa. E se lá ainda não encontrasse, iria para uma das lojas especializadas em fotografia (Adorama, Beach Camera, B&H Photo) e nessas encontraria realmente qualquer coisa em termos de fotografia. Ou compraria via eBay mesmo (versão norte-americana do MercadoLivre), que vende desde alfinete a urânio enriquecido... aham, nem tanto. Mas vende quase tudo que existe, de qualquer parte do mundo. Mas isso é "LÁ FORA".

No Brasil é um pouco diferente... você vai ao Ponto Frio ou às Lojas Americanas, e encontra coisa de uma dúzia de modelos, a maioria deles da Sony ou de marcas de pouca expressão, como Mitsuca. Nada contra a Sony, em absoluto. Mas você talvez já tenha entendido a questão... a questão é *opção*. E se alguma te agradou, você paga um preço consideravelmente maior do que pagaria no estrangeiro, isso por causa de nossos indigestos impostos. Parte desses (impostos de importação) são para proteger a indústria nacional, então vá lá. Mas e quanto ao produto nacional, qual a justificativa dos maiores impostos do mundo...? Alguém responde?

Isso cria uma situação ímpar no Brasil, pois as barreiras alfandegárias acabam estimulando o contrabando, que se torna um negócio interessantíssimo (leia-se lucrativo). A Sony, que citamos, concorre com a própria Sony, pois fabrica efetivamente câmeras na Zona Franca de Manaus, mas também é fortemente contrabandeada, e encontramos ambas as versões nas lojas, com nota e tudo. Logicamente a versão "criativamente importada" é vendida bem mais barato, mas você perde a garantia. E vale à pena pagar a mais pela versão nacional? Bem, se a máquina der defeito durante o período de garantia, valeu com certeza; senão, não. Há outras variáveis envolvidas, como o fato que a versão nacional gera empregos em Manaus e não no Vietnã, mas é difícil discutir com um desconto de 30% ou mais.

Mas e se o leitor ou leitora não quiser um dos modelos da Sony na loja, e preferir, por exemplo, um modelo da FujiFilm? Ou uma bateria *original* para sua câmera da Canon, ou pilhas recarregáveis híbridas de primeira linha? Ou encontrará apenas em lojas especializadas, como a Consigo e a Angel Foto em São Paulo (pagando aquele salgado preço Brasil por conta dos impostos escorchantes) ou não encontrará mesmo, exceto, talvez, no Mercado Livre. E neste último caso a procedência será, quase sempre, a "importação criativa", ou seja, contrabando.

Mas há opções, que você ainda não deve ter considerado. Não estou recomendando nenhuma, apenas reportando o que efetivamente existe por aqui:

  • Ir pessoalmente ao estrangeiro buscar o equipamento
Não vale à pena exceto se você fosse fazer a viagem de qualquer forma. É perfeitamente legal, desde que você declare ao voltar ao Brasil a câmera ou equipamento, e recolha os impostos que incidem *apenas* no que exceder U$ 500. Lógico que você pode optar por não declarar o equipamento e não recolher impostos, e no máximo pagará uma multa se for pego, além dos impostos. Ninguém vai preso.
  • Pedir pra um amigo trazer uma câmera para você em uma viagem ao estrangeiro
Idêntica à anterior, exceto que você está usando a cota de U$ 500 do seu amigo, né? Se ele puder fazê-lo, eu recomendo. Me traga um flash também que eu te pago depois. ;-)
  • Comprar *legalmente* de empresas estrangeiras que entregam no Brasil
O imposto é de 60%, incidindo sobre o valor do produto e do frete. Uma fortuna.
  • Usar empresas que fazem importação direta de empresas que não entregam no Brasil
Há muitas empresas estrangeiras que sequer entregam eletrônicos no Brasil (a Amazon.com é uma delas). Há empresas que compram destas lojas, como a Amazon, e lhe remetem então os produtos. Esse é um meio do caminho entre a legalidade e a ilegalidade. Essas empresas podem prometer que o produto chega sem impostos (pois eles às vezes não declaram o valor do produto de boa-fé), mas no final quem vai dizer se você vai pagar ou não será o humor do fiscal que inspecionar o seu pacote. Eu, pessoalmente acho arriscado, mas já li relatos de transações tanto bem quanto mal sucedidas deste tipo (faça sua própria pesquisa na Internet se ficar interessado); de um modo ou de outro você paga adiantado os valores relativos ao produto, frete e comissão no ato da compra, e se for o caso, paga os impostos aqui, quando o produto chegar.
  • Comprar de empresas estrangeiras que entregam no Brasil e recolhem impostos de forma "alternativa"
Não estou fazendo apologia a essa atividade, apenas relatando uma situação que realmente existe. Nesse caso, não se trata de um particular que contrabandeia um equipamento ou mais e revende aqui: há empresas que enviam qualquer eletrônico não muito grande para cá, e você recebe em casa, com segurança, a um preço inferior ao preço do produto mais os 60% de impostos previstos por lei. Portanto, mais caro de que lá fora, porém mais barato do que aqui. Tem que ter uma jogada, certo? Certo.
E que empresas são essas? Procure nos fóruns por aí e você encontrará. A coisa funciona mesmo.
  • Comprar um produto usado
Como o produto legalizado, especialmente se tratando de equipamento profissional (DSLRs, lentes, tripés, etc) chega a um preço impraticável aqui, vender o que não se quer mais no mercado de segunda mão torna-se um excelente negócio, pois a oferta é rarefeita, graças novamente aos impostos. Então você pode revender um equipamento usado aqui no Brasil por mais do que o preço que pagou por ele novo no exterior, com certeza. Há, além do onipresente MercadoLivre, ótimos fóruns de fotografia que tem seções de classificados, onde se consegue quase sempre preços muito bons. Eu participo do BrFoto, que tem uma ótima sessão de usados, onde já fiz bons negócios.
Foto: B&H Photo (leia-se a Meca dos fotógrafos), em Nova York / EUA. Foto por Scott Beale / Laughing Squid (foto sob a licença Creative Commons).

* Carro: Dispositivo sem o qual os norte-americanos adultos não se deslocam, responsável em grande parte pela degradação do meio-ambiente e pelo aquecimento global.


Observação: Esse post pode parecer um desabafo, e acho que é mesmo. Seria tão bom se pudéssemos comprar legalmente o equipamento que quiséssemos a um preço justo, sem sentir-nos compelidos a recorrer a contrabandistas, e simplesmente praticar essa maravilhosa arte que é a fotografia. Mas isso é só um sonho por hora, sem sinais de que vá mudar.


Bom, é isso aí. Até o próximo post!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Fotografando até debaixo d'água

Talvez o leitor ou leitora tenha um estilo de vida aventureiro, fazendo trekking, andando de caiaque, ou sendo atirado de roupa e tudo na piscina no dia do seu casamento (acredite, já vi acontecer). Em qualquer uma destas situações você já deve ter se deparado com a pergunta "e se a câmera cair na água"? Bem, dependendo de qual câmera você tem, isso pode ser um grande prejuízo. Ou talvez não...

Vários fabricantes oferecem modelos de câmeras compactas à prova d'água. Não se tratam de produtos para mergulhadores que usam cilindros de oxigênio, pois não são projetadas para aguentar um mergulho de mais de 5 metros de profundidade, mas para um aventureiro de fim-se-semana usando snorkel e pés-de-pato resolve e bem. E não só elas sobrevivem a um pequeno mergulho, como podem ser usadas para fotografar dentro da água, mesmo.

Aliás, esse é um ponto importante. Eu já lhes falei anteriormente sobre a temperatura de cor; se a luz do poste tem uma cor diferenciada, o que dirá a luz filtrada por, digamos, 1 metro de água? Adivinhou se você disse que a luz vai ficar azulada. Porisso essas câmeras tem obrigatoriamente uma opção de white balance denominada "underwater" (sub-aquática) para justamente esses momentos.

De modo a atender não só os fotógrafos que gostam d'água, como também aos que gostam de aventura, boa parte dos modelos também é à prova de choque; não espere passar com o carro em cima de uma destas e ela sobreviver, mas pequenas quedas de um metro, mesmo em cima de pedras, estão incluídas no projeto, o que, convenhamos, é bem legal. Mas note que nem todas as câmeras waterproof são também shockproof (à prova de choques).

E tem alguma desvantagem?
Sempre essa pergunta. Tem, sempre tem. De modo a deixar a câmera mais resistente contra água e/ou choques, as lentes zoom destas câmeras não estendem para fora (diz-se que tem "zoom interno"); A lente exposta, além de possuir mais pontos para a entrada de água, é um ponto de fragilidade acentuada na câmera, então, melhor não ter. Infelizmente o preço a pagar é que essas lentes com zoom interno costumam ser menos luminosas (deixam passar menos luz, ou seja, tem uma abertura menor) do que lentes equivalentes em câmeras não-waterproof. Elas costumam também não ser tão fininhas como as super-compactas, porque precisam de um gabinete mais reforçado (e possivelmente cheio de acolchoamento interno) para suportar melhor os impactos. E, finalmente, como o flash costuma ficar próximo demais à lente nessas câmeras, olhos vermelhos quando usar o flash não serão surpresa alguma.

Veja mais alguns modelos:








Acima, a Fujifilm FinePix Z33WP e a Canon PowerShot D10.
No início do post você pode ver a Pentax Optio W80. Ah, quase esqueci, há também a Olympus Stylus Tough 8000, à prova d'água até 33 pés (11 metros), e também de choque e frio. Qualquer uma dessas belezinhas pode ser o seu passaporte para a fotografia subaquática.

Observação: muitas câmeras super-compactas também tem o zoom interno (as Sony da série T, por exemplo); a regra de que as lentes de câmeras compactas com zoom interno costumam ser pouco luminosas também vale para essas, e não apenas para as câmeras a prova d'água.


Observação 2: falando da abertura pequena das lentes dessas câmeras: a Fujifilm Z33WP, por exemplo, tem a abertura máxima f/3.7 em grande-angular e f/4.2 teleobjetiva; O lado tele está bom para uma compacta, mas o lado grande-angular costuma ser melhor, por volta de 2.6-2.8 em modelos comparáveis que não sejam waterproof.


Abs e até o próximo post!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O que é White Balance?

White Balance, ou equilíbrio de brancos, é um controle que permite às máquinas digitais (e filmadoras também) ajustarem a sua "noção" própria do que é branco, ou cinza em uma foto ou cena. Porque na verdade você pode não notar, mas a percepção do que é branco ou cinza varia com a cor da luz que estamos observando.

"Cor da luz???", dirá você. Sim, cor da luz. Você deve ter reparado que a maioria das lâmpadas de iluminação pública, por exemplo, tem uma cor bastante alaranjada (pelo menos aqui no RJ). Essa cor é a característica das lâmpadas de vapor de sódio. Então, sob uma destas, a sua blusa perfeitamente branca se parecerá perfeitamente amarela. A essa característica de coloração da luz chamamos de temperatura de cor. Às vezes essa coloração dada pelos diferentes tipos de luz pode ser agradável (o tom vermelho das velas, por exemplo), ou pode ser bem ruim (uma pessoa aparentar ter pele esverdeada, sob uma luz fluorescente). Mas a boa notícia é que podemos evitar essa cor indesejada se soubermos ajustar o white balance, ou, em português, equilíbrio de brancos.

Antes que você pergunte, vou logo avisando que as máquinas digitais tentam acertar a cor (ajustar o balanço de cor, ou em terminologia de cinema, bater o branco) sozinhas, automaticamente, o que é muito bom, pois boa parte das vezes elas acertam. Mas logicamente boa parte das vezes elas *não* acertam, e você fica no final das contas com fotos esverdeadas, cor de laranja, etc, e reclama e xinga sua pobre máquina. Tsc, tsc.

É possível, claro, ajustar a cor na pós-produção, em um software como o Picasa, Lightroom ou Photoshop. Mas exceto se você fotografou em modo RAW (falarei disso num futuro próximo), haverá perda de qualidade; algumas tonalidades estarão perdidas para sempre. Então o bom é que a máquina esteja com os ajustes corretos de white balance. Como quase sempre se aplica, é melhor conseguir o resultado correto na hora da foto, ao invés depois tentar corrigir na pós-produção.

A maioria das câmeras no mercado tem as seguintes opções de balanço de brancos (podem ter bem mais):
  • Auto - O processador da câmera tenta entender qual preset (ajuste) deve ser o mais adequado para a luz que está captando. Como regra, o automático costuma acertar bem a luz do sol e a luz natural quando estamos na sombra;
  • Daylight (luz do dia): luz do sol quando o assunto não está na sombra.
  • Shadow (sombras): sombras tem uma temperatura de cor mais fria (mais azulada) que a luz do sol direta.
  • Tungsten (tungstênio): o mesmo que luz incandescente. As lâmpadas comuns em forma de bolha, que vem sendo substituídas por lâmpadas eletrônicas.
  • Fluorescent (fluorescente): engloba tanto as compridas lâmpadas fluorescentes, quanto as pequenas, eletrônicas que entram nos bocais feitos originalmente para as lâmpadas comuns.
  • Flash: Muitos flashes tem a luz bastante azulada (luz de xenon, como nos carros mais caros). Outros usam filtros amarelos para fazer com que a luz do flash fique com uma temperatura de cor similar à luz do dia. O ajuste flash das câmeras considera o tipo azulado. Para flash com cor de luz do dia, use luz do dia, mesmo.

Caso você tenha se perguntado porquê a foto do simpatissísismo Luc nesse post; ora, esse é um exemplo de foto que foi capturada com o white balance no automático, e o serviço da câmera não foi muito bom, não entendendo bem que a luz era fluorescente; então a opção do fotógrafo foi justamente apelar para a pós-produção (foi utilizado o Picasa, gratuito) para conseguir cores de aparência natural. Um white balance errado acontece nas melhores famílias. A foto original foi algo como o que você pode ver aqui ao lado.

Obs1: A foto "Luc, o bicho do pé" é de autoria do meu amigo Sérvulo Harris. Se gostou, visite a galeria dele no Flickr e deixe um comentário. Ele sempre aprecia as visitas!

Obs2: um acessório útil para quem leva as cores nas fotos muito a sério é o grey card, um cartão cinza padrão (cinza 18%) que serve para ajustar precisamente o balanço de branco na câmera; serve também para "cravar" o ajuste da exposição. E tudo isso fica, claro, para um post futuro.

Abs e até o próximo post!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Lente Zoom ou Prime?

Você já deve saber a essa altura que as DSLRs permitem trocar as lentes, ou seja, tem objetivas cambiáveis. Talvez já saiba que as lentes podem ser divididas em normais (perspectiva similar à do olho humano), grandes-angulares (enquadra ao mesmo tempo mais coisas que olho poderia devido ao grande ângulo de visão), e, finalmente, teleobjetivas (aproximam mais as coisas que estão distantes, como num telescópio).

Vamos definir uma coisa: quando eu falar objetiva, estou falando do que a maioria das pessoas se refere como a lente da câmera, ok? Tecnicamente, uma objetiva é feita de um conjunto de lentes.

Voltando ao fio da meada, há uma outra grande distinção entre tipos de lentes:
  • lentes do tipo zoom, e
  • lentes prime.
Lentes zoom estão extremamente popularizadas, estando presentes mesmo na maioria das câmeras de baixo custo hoje em dia (quando se fala em zoom ótico, se está falando que a lente da máquina é do tipo zoom). As reflex, quando vem de fábrica com uma objetiva, normalmente se tratam de zooms também.

Mas, dirá você, para o que serve isso mesmo?
(bem provavelmente você não perguntou isso porque já sabe dar zoom em sua câmera. Mas vamos fingir que alguém perguntou, de qualquer forma, mas não foi você, ok?).

A lente zoom é polivalente. Podemos, por exemplo, ter uma lente zoom que vai desde grande-angular até uma boa tele-objetiva, e evitar assim trocar de lentes (isso no caso de uma DSLR, claro). Se lembra aquelas câmeras que para enquadrar mais aberto ou mais fechado você tinha que andar para trás ou para a frente? Não era uma zoom. Com uma zoom adequada isso ocorre bem menos. Porisso as lentes zoom são tão populares.

Mas, se isso é tao útil, ainda há lentes que não são zoom?
Sim, há. As lentes que tem uma distância focal fixa (ex: 50mm) são as chamadas lentes prime.

Não entendi o por quê destas. Elas tem alguma vantagem?
Ahá, essa é a pergunta de um milhão de dólares. Em uma era com zooms que vão de 18 a 270mm (um absurdamente grande zoom de 15x, que é equivalente em filme 35mm a uma 27 - 405mm), para quê ter duas, três ou mais lentes (objetivas) para fazer o mesmo trabalho?

( .... )

Pensou bem na resposta?
Quer dizer, tem que ter uma resposta, né?
Bem, chega de suspense. Tem resposta, sim. A principal diferença é a qualidade.
Quanto mais complexo o projeto ótico, mais elementos (lentes) uma objetiva tem. E a cada elemento, mais lenta (passa menos luz) a objetiva é, e maior a perda de luz por difração, também, o que diminui a nitidez da imagem obtida.
Para dar um exemplo, a lente da Tamron que citei (18-270) tem 18 elementos, enquanto muitas primes tem apenas 6 ou 7...

Ah, então as lentes de maior nitidez/resolução no mercado são primes!
Ah, muito sábio de você concluir isso. Sim, isso é verdade.

Então sempre uma prime será sempre mais nítida e melhor que uma zoom...
Opa, pera lá. Vamos com calma. Depende. Isso já foi verdade no passado, as zooms eram muito ruins mesmo e deram uma má-fama que muita gente acredita ainda hoje. Mas muito tempo se passou desde a primeira zoom, e a tecnologia de fabricação de lentes evoluiu demais, especialmente com a aplicação de simulações por computador no projeto de objetivas.
Há profissionais de ponta fotografando com lentes zoom e primes, indistintamente, usando a que melhor se aplica a cada caso. Logicamente profissionais sérios usam lentes zoom caras, e não a kit lens que vem com uma DSLR econômica. Há zooms cuja resolução supera a que o sensor da câmera pode captar, ou seja, resolução de sobra.

A diferença é só a nitidez / resolução?
Não, há outras diferenças. O projeto mais simples (menos elementos) das primes *pode* permitir-lhes um tamanho e peso bem menor, e quase sempre uma abertura máxima maior, ou seja, as lentes mais indicadas para se usar com bem pouca luz são na verdade primes.

Mas a abertura das primes é muito maior mesmo?
Não conheço nenhuma objetiva zoom que tenha a abertura maior que f/2.8 constante. Se encontra fácil primes com abertura f/1.8, f/1.4...; para constar, a abertura f/1.4 é quatro vezes mais luminosa que a abertura f/2.8.
A lente mais luminosa da atualidade (uma prime, logicamente) é a Leica Noctilux com abertura f/0.95!!!!! Custa hoje a bagatela de U$ 9.995...

Quem fabrica as melhores lentes?
Ufa, essa é uma pergunta difícil. Cada um dos mais importantes fabricantes (Zeiss, Canon, Olympus, Nikon, Pentax, Leica, Sony/Minolta, Sigma, Tamron, Voigtlander) vai dizer que é ele, e apontar um ou outro modelo seu que se destaca do resto, "crème de la crème". Digamos que há ótimos modelos em todas as linhas de DSLR, bem como há "micos" que não valem o que custam. Vamos fugir da discussão e continuar amigos, por hora? ;-)

Uma observação: Sobre o quesito tamanho extremamente compacto, se você estiver realmente curioso pelo assunto, vale conhecer as lentes pacake da Pentax... são maravilhosas e algumas são quase bidimensionais. Vem nos sabores 21mm, 40mm, e, um pouco menos compactas, mas também minimalistas, as 70mm e 15mm. Sonho acordado com essas lentes, especialmente a 70mm.

Outra observação: as lentes na foto são, da esquerda para a direita: Pentax-M 28mm f/3.5, Pentax-M 50mm f/1.4, Pentax DA 16-45mm f/4 e Pentax DA 50-200mm f/4-5.6. As duas primeiras, portanto, são primes e as outras são zooms.

Vejo vocês no próximo post!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Uma pequena revolução no ar

Não é uma revolução do mesmo tipo de quando a fotografia digital se popularizou, encolhendo enormemente o mercado de películas encabeçado pela Kodak. É uma revolução menor, aliás, é uma revolução de digamos, pequenas proporções. Ideais proporções? Tratam-se das novíssimas "DSLR" compactas.

Por quê as aspas? Bem, uma DSLR pressupõe um sistema de espelho e prisma para visualização, o que estas máquinas não tem. Mas também pressupõe um sensor digital de tamanho bem maior do que o das compactas, o que se reflete na qualidade das fotos, e também fartura de controles, dando mais recursos aos fotógrafos, e, finalmente, lentes intercambiáveis, dando flexibilidade e muitas opções fotográficas usando-se uma mesma câmera. E isso tudo as novas câmeras no formato micro-four-thirds tem. São, digamos assim, câmeras reflex sem espelho. Mas de tamanho comparável às compactas maiorzinhas. Eu, particularmente, adorei a novidade.

Para quem é?
  • Para qualquer um que queira uma qualidade de imagem do nível de uma DSLR em um pacote bem menor, e aceite numa boa a perda do visor ótico reflex como um preço a se pagar por isso.

E como é a qualidade, comparada às DSLR de fato?
  • Comparável às DSLR entry-level, como Nikon D60, Canon EOS 1000D, Pentax K-m... pelo menos fotografando em JPG. Em modo RAW costumam perder um pouco. Muito, muito pouco, aliás.

E o espelho/prisma, não farão falta?
  • Depende. Depende do tipo de fotografia que você quer fazer. A fotografia de esportes, por exemplo, não é uma forte candidata ao novo formato. Mas não vejo porque muitos amadores avançados que hoje usam (ou cobiçam) uma DSLR não migrariam para esse novo formato. Além disso, tenho certeza que muitos profissionais que trabalham com equipamentos bem mais caros as usarão para ocasiões em que não estejam fotografando profissionalmente, e queiram carregar muito menos peso. Há pessoas, porém, que não abrirão mão do visor ótico nunca.

Mas por que não tem espelho e prisma? Não dá pra fazer uma versão com espelho?
  • Não, de jeito nenhum. Foi justamente a retirada do espelho que permitiu às novíssimas micro-four-thirds serem compactas como são.

As câmeras serão mais baratas do que as DSLR?
  • A preços de hoje, não mesmo, são até carinhas. Poderão ser mais baratas no futuro? Não sei dizer.

Você disse micro-four-thirds. Existe também um formato four-thirds que não é micro?
  • Existe sim. É um formato aberto, que não "herda" de nenhum formato de câmera de filme, pois já foi criado na era digital, para projetos de câmeras digitais. Produzem câmeras e lentes para esse formato: Olympus, Panasonic e Leica. Além dessas, a Sigma também produz lentes para o formato four-thirds ("4/3rds") convencional. Creio que a Leica logo lançará uma lente para o novo formato também, pois tem uma relação muito próxima à Panasonic, compartilhando modelos, e já produz várias lentes no formato 4/3rds convencional.

Se eu tiver uma máquina micro-four-thirds, posso também usar as lentes four-thirds que não são micro?
  • Pode sim, com um adaptador opcional. Mas nem todas vão fazer foco rapidamente, porque o sistema de foco nas micro-four-thirds é diferente do empregado pelas reflex.
Já há muitas câmeras nesse formato hoje? E lentes?
  • Calma, a coisa está começando ainda. Há no momento que escrevo 3 modelos de câmeras desse formato no mercado, e poucas opções de lentes. Mas melhora rápido, garanto.
  • Estes modelos são: Panasonic DMC-G1 (a primeira a ser lançada), Panasonic DMC-GH1, e Olympus E-P1 (a da foto desse post). Essas câmeras são muito diferentes: enquanto as da Panasonic parecem uma micro-reflex, a da Olympus parece uma rangefinder dos ano 70. Na verdade ela é quase uma imitação da famosa Olympus Pen, e isso é proposital.
Obs1: Há um vídeo bem interessante sobre a Panasonic G1 no site da InfoExame, vale conferir.

Obs2: esta foto foi indevidamente "chupada" do
site da Olympus. Sorry, Olympus!


Obs3: Através de uma adaptador opcional, as máquinas micro-4/3rds podem usar todas as lentes no padrão Leica-M, de foco manual.

E é isso aí. O futuro a Deus (e ao mercado, ou seja, você) pertence. Abs!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Entendendo o Ruído Digital

Vou confessar que fiquei muito tentado a escrever um post sobre outro assunto, mas dessa vez serei comportado e farei o que tinha me comprometido a fazer. Só dessa vez! ;-)

(esse post é a continuação do post sobre ISO, então, se você não sabe bem o que é isso, sugiro dar uma conferida no post anterior primeiro).

No post anterior afirmei que, à medida que se aumenta o ISO (sensibilidade do sensor) da câmera digital, a imagem se deteriora, devido à presença do ruído de imagem. Esse ruído é análogo ao granulado nas fotos tiradas com máquinas que usam filme, porém é mais feio, exibindo normalmente pontos verde e rosa que degradam a imagem. Ruído de imagem bom é ruído nenhum. Há um porém. A quantidade de ruído e a, digamos, visibilidade dele varia de câmera para câmera. E isso torna a qualidade que uma câmera trabalha em ISO elevado um dos maiores diferenciadores reais entre um modelo e outro de câmera, lembre-se disso quando for comprar uma.

O que provoca o ruído? O ruído nas imagens capturadas é um reflexo do ruído elétrico que ocorre no sensor digital. Componentes eletrônicos muito próximos trocam energia entre si de forma indesejada; o sensor digital (CCD ou sensor CMOS) é composto de milhões de "sensorezinhos", paralelos uns aos outros em uma pastilha de silício. Se a câmara tem, por exemplo, 12 megapixels, terá quase sempre 12 milhões de foto-transístores (pequenos sensores) em uma pastilha. Quando são ativados utilizando a sua sensibilidade padrão (ISO 80, 100 ou 200, normalmente, dependendo do sensor), o ruído elétrico é quase sempre irrelevante (pode existir, mas pode nem ser mensurável). Mas quando queremos usar, por exemplo, ISO 1.600, a máquina requer um ganho maior do sensor, quer dizer, fornece mais energia ao sensor para que ele aumente a sua sensibilidade. Aumentando a energia circulando nos foto-transistores, aumenta também o ruído.

E do quê depende o ruído? As principais variáveis são tamanho do sensor e tecnologia:
  • Tamanho: considerando dois sensores feitos com a mesma tecnologia, ambos de 12 megapixels, um deles tendo uma área de 0,5cm², e ou outro de 2cm² (oito vezes maior)... pode apostar que o de 2cm² tem menos ruído.
  • Tecnologia: um sensor de 0,5cm² produzido em 2009, e com 12 megapixels, pode efetivamente ter menos ruído que outro de 2cm², de apenas 5 megapixels, produzido em 2003. É, muitas coisas melhoram com o tempo...
  • Redução de ruído: a máquina digital sempre processa a imagem capturada pelo sensor, de forma maior ou menor. Nesse processamento várias aplicam níveis maiores ou menores de redução de ruído (um tipo de processamento de imagem), com resultados muito variados de um modelo para o outro. Note que o ruído elétrico ainda ocorre da mesma maneira, mas ele pode ser menos perceptível sob a forma de ruído na sua imagem JPEG final.
Então é complexo afirmar que uma câmera tem menos ruído, baseada apenas na sua resolução. Há que se comprar os resultados (fotos) para saber. Porisso sites que fazem testes comparativos entre modelos similares (como o DPReview) são tão importantes para os compradores exigentes. Tipicamente as DSLR tem menos ruído que as compactas, porque o seus sensores são muito maiores; porém as compactas do futuro terão sensores melhores que as DSLR de hoje, pense nisso...
Pode-se afirmar com certeza, porém, que o ruído apresentado em ISO elevado nas câmeras high-end (as mais caras, obviamente) atualmente no mercado é bem menos perceptível do que nas câmaras mais baratas. A diferença é gritante.

Para finalizar, deixo-vos com comparações de ruído com diferentes sensibilidades, para dois modelos de câmera, uma compacta e uma DSLR. Só para vocês saberem o quanto se perde, e exatamente porquê tenta-se tanto evitar usar ISO alto sempre que possível na fotografia digital.
Ufa! Esse post deu trabalho!

Observação: A Canon Powershot SD-850 Is que usei nos exemplos é uma compacta que possui relativamente pouco ruído; há máquinas com resultados muito inferiores na mesma categoria.

– Câmera Compacta (Canon Powershot Sd-850 IS):
(clique nas imagens para vê-las no Flickr)





ISO 80






ISO 100






ISO 200






ISO 400






ISO 800






ISO 1.600


– Câmera Reflex (Pentax K200D)

(clique nas imagens para vê-las no Flickr)




ISO 100






ISO 200






ISO 400






ISO 800






ISO 1.000






ISO 1.600


Abs!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Entendendo ISO

O conceito de ISO (ou ASA) remonta à era do filme (falando assim parece até que foi há muito tempo); ISO é uma medida que informava a velocidade de um filme; Um filme rápido é aquele que precisa de relativamente pouco tempo exposto à luz para uma ter exposição adequada; um filme lento é exatamente o contrário, necessitando ficar exposto à luz por mais tempo para ter uma exposição correta.

Bem, a era do filme já passou (exceto para alguns profissionais extremamente especializados, ou para os incuravelmente românticos), e se manteve essa unidade de medida para sensibilidade também nas máquinas digitais. Por quê? Ora, poder-se-ia ter criado uma medida nova, mas qual a vantagem, exceto confundir a cabeça de quem já fotografa há muito tempo?
As medidas de ISO mais comuns eram (e ainda são): 64 - 100 - 200 -400 - 800 - 1000. Um filme de ISO 200 tem o dobro da sensibilidade de um de ISO 100, e portanto requer apenas 50% da luminosidade que o outro necessita para ter a mesma exposição. Um de 400, o dobro da sensibilidade do filme de ISO 200, e assim por adiante.

E então, como funciona isso tudo? O(a) prezado(a) leitor(a) deve saber que a luz visível é composta por partículas chamadas fótons. Eles estimulam a nossa retina, nos fazendo ver, e também estimulam o filme fotográfico (ou, no caso, o sensor digital) da nossa câmera, provocando uma reação, de maneira análoga à retina humana. Quando a quantidade de luz é na medida exata para a sensibilidade do filme ou sensor, temos uma exposição correta. O filme fotográfico é feito de pequenos grãos de sais de prata, que mudam de forma ao serem atingidos pela luz. Mais tempo o grão é exposto à luz, maior a chance dele ser atingido por um fóton.

Mas e se há pouca luz disponível? Menos luz, menos fótons entrando pela lente, certo? E menos fótons, menor a chance do nosso filme (ou sensor) ser atingido por fótons. Mas há uma solução! E se os grãos de prata do filme fossem maiores? Ora, se a seta é menos precisa, aumentamos o tamanho do alvo que fica mais fácil acertar. E é exatamente assim que funciona o filme rápido: os grãos são maiores, e assim mais fáceis de serem atingidos pelos fótons e serem expostos adequadamente. (Há outras maneiras de conseguir uma exposição correta quando a luz diminui: aumentando a abertura da lente, que abordarei no futuro, ou aumentando o tempo de exposição, que já abordei em outro tópico).

Bem, voltando ao mundo digital, ao contrário do fotógrafo que usa película, não precisamos mudar de filme quando as condições de luz pedem maior ou menor velocidade do nosso "filme": com um simples ajuste avisamos à câmera digital que estamos usando "filme lento" (ISO baixo) ou "filme rápido" (ISO elevado), o que é, afinal, uma das maiores vantagens da fotografia digital. A máquina dá seu jeito de eletricamente compensar a falta de luz, aumentando a sensibilidade do sensor, ou digitalmente processa a imagem que capturou sub-exposta para uma aparente exposição correta.

Ótimo, mas deve ter uma pegadinha, né? Sempre tem; não dá pra fazer do nada alguma coisa. Mesmo na época do filme, o filme lento (ISO 100 para baixo) justamente por causa dos grãos menores exibia maior detalhe do que o filme rápido. O filme rápido manifesta sua maior sensibilidade através da exibição de grãos maiores nas ampliações (sim, o grão maior é visível a olho nu quando ampliamos razoavelmente a fotografia). Isso pode ser muito estético ou não, muitos usavam filme rápido apenas para ter o efeito de granulado nas fotos.

Mas e na fotografia digital, a foto fica granulada? Sim!!! Mas de uma forma completamente diferente, infelizmente.... o granulado da máquina que usa película é bem mais bonito, lamento dizer. O ruído digital não é nada estético.

Mas o leitor ou leitora poderá argumentar que nunca percebeu o tal ruído em suas fotos, mesmo em ISO 1.000 ou mais. É possível, mas não quer dizer que ele não exista. As câmeras utilizam-se de um processamento digital para disfarçar o (feio) ruído digital, dando um efeito que parece que a foto está borrada; isso pode ajudar, ou pode eliminar todo o detalhe das fotos, dando a esta uma aparência de ser uma ilustração...

Na próxima postagem eu entro justamente nesse assunto: a degradação da imagem causada pelo ISO elevado.

Em tempo: ISO se refere à International Standards Organization, organização destinada padronização industrial. No caso de películas fotográficas, estamos falando da norma 5.800 da ISO, específica para isso.


Abs!!!

domingo, 14 de junho de 2009

Câmera compacta ou SLR Digital? (parte 1)



Pergunta difícil, pois envolve muitas variáveis, acho que em um post não consigo fechar o assunto... mas vamos lá com a cara e a coragem.

Primeiro, o que é uma SLR (ou uma DSLR, no caso de uma câmera digital)? Muita gente chama esse tipo de câmera como esta da foto acima de "câmera profissional", o que tem algo de justo, pois fotógrafos profissionais frequentemente as utilizam, quase exclusivamente. SLR quer dizer "Single Lens Reflex", ou seja, esse tipo de câmera tem apenas uma lente, e a imagem que se o fotógrafo usa de referência para enquadrar não é uma "filmagem" digital do que o sensor da câmera está registrando, mas a imagem real que entra pela lente, refletida em um espelho no interior da câmera. O espelho é quem dá o nome de reflex. Sim, há máquinas reflex que tem mais de uma lente, no caso as TLR (Twin Lens Reflex), das quais a Rolleiflex é uma das mais famosas. Você pode aprendar um pouco mais sobre o sistema de visualização através de pentaprisma e espelho das SLR na Wikipedia se desejar se aprofundar. Em inglês o texto está bem mais completo.

Essa característica traz vantagens e desvantagens. As reflex, por causa do referido sistema usado para enquadramento da foto, tem inúmeras vantagens:
  • A imagem sendo visualizada não tem refresh de tela (atualização da tela), pois é uma imagem projetada através de um sistema ótico, e não uma filmagem. Portanto é bem mais adequada para quando se deseja fotografar coisas se movendo rapidamente (esportes, por exemplo).
  • Se você utiliza uma lente zoom, a distância focal (dar mais ou menos zoom) é alterada por um sistema mecânico, de acionamento muito rápido (basta girar uma rosca com uma das mãos), ao contrário dos botões que acionam um motorzinho nas lentes das câmeras compactas. Novamente se ganha em agilidade.
  • Todas as DSLR trocam as lentes (diz-se que tem "objetivas cambiáveis"). Então você pode numa mesma câmera usar uma lente mais própria para fotografar interiores apertados, uma mais própria para shows e esportes, ou uma mais compacta, uma muito boa para quando houver bem pouca luz... as opções são muitas.
E ainda,
  • A qualidade de imagem que as DSLR é capaz de capturar frequentemente (quase sempre) supera a qualidade que uma compacta é capaz de produzir... se você usar os ajustes corretos e/ou um pouco de pós-produção (leia-se usar o Photoshop). Para uma mesma resolução (exemplo: uma DSLR e uma compacta, ambas com resolução de 10 megapixels), pode apostar que a DSLR é capaz de produzir imagens melhores. Mas isso não tem nada a ver com o sistema de visualização baseado em pentaprisma e espelho da DSLR: tem a ver principalmente com o fato dos sensores óticos destas serem drasticamente maiores.

Bem, isso não é uma lista definitiva (deixei coisas de fora, afinal, sempre há a continuação), mas dá uma boa idéia. Em resumo, quem compra uma DSLR procura maior controle e melhor qualidade de imagem. Então se o seu bolso pode encarar uma DSLR (são mais caras que as compactas como regra geral), e qualidade da imagem é o que mais te importa, você já deve estar cogitando colocar uma DSLR na sua sacola de compras.

Ah, mas quem dera fosse tão fácil assim e tudo se limitasse a grana, grana grana. Uma reflex tem várias desvantagens com relação a uma compacta, mesmo que a limitação orçamentária não seja um problema para você. A ver:
  • Peso, peso, peso. Sim, as reflex tem vários componentes que as compactas não tem, costumam ser feitas internamente de metal, então elas pesam bem mais. E cada lente que você adiciona na bolsa de equipamentos é mais uma coisa a ser carregada. Para mim, pessoalmente, esse é o maior corta-tesão nas DSLR de todos. Às vezes eu deixo a minha em casa para poupar as minhas pobres costas... afinal, apenas a câmera já com pilhas e minha lente mais usada pesam juntas 1 quilo (!). Isso se eu levar tão pouca coisa.
  • Portabilidade. Te desafio a enfiar uma DSLR no bolso da calça. A Canon Powershot SD-850 IS do meu pai cabe com folga. E dependendo do peso nem lembro que ela está lá.
  • Discrição. Câmeras reflex só não chamam a atenção em lugares públicos de fotógrafos que usam esse tipo de câmera. Às vezes pessoas até saem da sua frente achando que você é um profissional. Discrição costuma ser muito bom. Darem licença para você fotografar, por outro lado, é algo de que não tenho como reclamar! ;-)
  • Simplicidade: qualquer um com meio neurônio aprende fácil a tirar fotos razoáveis com uma compacta. Boas, depende de talento e/ou sorte, claro. Mas uma DSLR requer insistência e estudo. Até para segurar a câmera existe uma técnica, afinal.
  • Profundidade de campo. Sim, em uma compacta a profundidade de campo é maior. Se você não entendeu bem isso, digamos que, devido ao menor tamanho do sensor, mais coisas ficam em foco ao mesmo tempo para ajustes idênticos em uma compacta do que em uma SLR. Isso é uma vantagem ou uma desvantagem, depende do que está sendo fotografado, na verdade. Vou voltar a essa diferença crucial posteriormente.
  • Preço. Claro. Compactas são criaturas com bem menos componentes mecânicos do que DSLRs, e com lentes que usam bem menos vidro e/ou cristais na sua confecção, e sensores menores, não esqueçamos que componentes à base de silício são caros. Isso tudo reflete no preço final do produto. Portanto, se o seu bolso está muito apertado, adie a idéia de ter uma DSLR para um futuro próximo e vá estudando as opções de compactas. Existem muitas, e muitas são boas câmeras.
Bom, termino esse meu 5º post por aqui. E se você ficou curioso para saber que "lindura" é essa câmera na foto desse post, trata-se da novíssima Pentax K-7, recém lançada no momento em que escrevo, e que, dependendo das críticas, vai dar uma boa sacudida no mercado, polarizado demais atualmente entre Canon e Nikon. Abs!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Por que a minha foto tremeu?

Dando continuidade ao nosso post anterior, chegamos à conclusão (simplificando) que as fotos tremem quando a velocidade do obturador (velocidade do clique) é lenta demais (diz-se baixa demais) para o que se quer fotografar e/ou muito suscetível ao tremor da mão do fotógrafo.

E deixamos uma pergunta em aberto: qual é essa velocidade mínima segura para se tirar uma foto, então? De que isso depende?

Depende especialmente da lente que você está usando ou que a sua máquina é dotada.
Vou dar um exemplo: se você tem uma compacta Sony DSC-W215 (a Sony vende muito bem aqui no Brasil, não é?). Essa máquina possui uma lente zoom equivalente, em formato 35mm, a 30mm-120mm. Quer dizer, a lente, quando está na sua perspectiva mais ampla (grande-angular) é uma 30mm e quando esta está toda esticada (tele-objetiva) corresponde a 120mm.

– No lado que corresponde a 30mm você deve usar pelo menos 1/30s.
– No lado que corresponde a 120mm você deve usar pelo menos 1/120s. Ops, não existe! Então use a imediatamente mais rápida: 1/125s.
– No meio do caminho, se você não souber qual a distância focal sendo empregada, tente arredondar, ou fique com a velocidade mais próxima de 1/120s quanto possível.

Percebeu? Quanto mais curta (grande-angular) a lente, menos velocidade você precisa para ter uma foto sem tremor; quanto mais longa a lente, maior tem que ser a velocidade. A regra prática é 1 / distância focal da lente sendo utilizada. Então, se na noitada, você resolve não usar flash e sua máquina registra uma velocidade da ordem de 1/4s, 1/2s... vai tremer. Mesmo com estabilizador ótico vai tremer.
Você precisa de 1/30s sem o estabilizador ótico, e 1/8s com o uso deste para ter uma BOA CHANCE de conseguir uma foto não tremida (ou de uma mão feita de concreto armado). O estabilizador ajuda, mas não é 100% eficiente. (Vou entrar no mérito do estabilizador ótico num futuro próximo, combinado?)

Agora, se você usou um tripé e o objeto não se moveu (ex: você fotografou um prédio à noite), bem, a foto não ficará tremida. Pois um tripé bem armado não treme, a não ser que você resolva chutá-lo. Novamente, trata-se de trambolho, mas um muito útil.

Obs: fotógrafos de natureza, como os da National Geographic, bem como muitos outros, utilizam o tripé *mesmo* que a máquina acuse uma velocidade segura para uma foto sem tripé. No caso de vários profissionais, a busca pela nitidez absoluta é uma cruzada pessoal. Se você não é profissional e vai imprimir no máximo em 15x10cm, isso provavelmente não vale para você.

Então você pode estar pensando, "vou utilizar a velocidade de obturador mais alta que a máquina permitir e está tudo resolvido". Menos, gafanhoto. Se você aumenta a velocidade, a luz entra por menos tempo na câmera e estimula menos o sensor digital. Para compensar, ou a lente tem que permitir uma maior abertura, ou você tem que pedir pro sensor trabalhar com menos luz (usar ISO maior) de modo a conseguir a mesma exposição. Uma dessas (ou ambas) devem ser aumentada de modo a ser possível compensar a perda de tempo de exposição, ou você vai obterá no final uma foto sub-exposta, ou seja, escura demais. Falamos disso outro dia também.

Ah, e quanto ao borrão devido ao deslocamento do objeto? Quase nos esquecemos dele.
Aí é difícil criar regras. Depende da velocidade do objeto e da distância que você está dele. Como via de regra, selecionando uma velocidade de pelo menos 1/250s está bem rápido para a maioria das aplicações. 1/125s é o suficiente boa parte das vezes. 1/60s já é considerado lento. 1/1000s "congela" uma gota d'água no ar. 1/16.000s consegue retratar uma bala atravessando um alvo. Veja aqui uma foto feita em alta velocidade: o tempo literalmente parece parar. Vale perceber que poucas máquinas atingem sequer a marca de 1/8.000 de segundo de velocidade (não sei de nenhuma que vá acima disso), mas como o disparo de flash é algo bem rápido, pode-se obter velocidades impressionantes como o 1/16.000s que falei, ou até mais.

Num próximo post explico o modo de Velocidade ("Tv" ou "S" dependendo da marca) que existe em boa parte das câmeras. Afinal, o que adianta compreender as velocidades sem poder controlá-las diretamente?

terça-feira, 9 de junho de 2009

Eu odeio carregar tripé!!!



Nossa, somos dois, colega, eu também odeio. Mas se você afirmou mesmo isso, quer dizer que já teve que carregar um, e se carregou, ou é um masoquista que carrega tripés sem necessidade, ou é alguém que sabe para quê esse trambolho serve de verdade, e nesse caso nem precisa ler esse post. Ou melhor, leia assim mesmo, "não se avexe não", rsrs.

Eu tenho um tripé e um monopé, e evito, quando posso, carregá-los, como qualquer pessoa sã. Mas adoro quando eles me permitem tirar fotos que, de outra forma, ficariam tremidas e inaproveitáveis. Vou mais longe e digo que ninguém mesmo gosta de carregar tripé. Se ele pudesse se transformar num chaveiro e só voltar a ser tripé na hora certa...

(Se você se perguntou o que é um monopé, bem, é um tripé com um pé só. Lógico que não é eficaz para evitar tremores como um tripé, mas é bem melhor que segurar a câmera apenas com as mãos).

"Tá bom", dirá você, mas vejo muitos profissionais não usando tripé. "Por que eu deveria"?
Questionamento justo, justíssimo. Mas você já deve ter visto profissionais (ou até amadores avançados) por aí usando tripé também, não? Então você percebeu de alguma forma que há dois tipos de momentos:

  1. O momento em que há que se usar tripé, e
  2. O momento em que o tripé não faz diferença nenhuma...

Então a pergunta certa a se fazer é:
"Em que momentos eu deveria usar um tripé?"

Bem, se você já tirou uma foto tremida (e todo mundo já tirou, até o JR Duran), olhe para ela e desconfie que o tripé poderia tê-la salvo. Bem, nem sempre. Mas vamos ser mais exatos, então. Qualquer tremor ocorre porque a velocidade do obturador (leia-se do clique) não foi rápida o suficiente, e uma das três coisas abaixo (ou uma combinação delas, até) aconteceu:

  1. A sua mão tremeu, ou
  2. O objeto fotografado se deslocou, ou
  3. Você está num meio de transporte (ex: um trem), fotografando alguma coisa lá fora, e mesmo sem ter tremido a mão ou o que você fotografa ter se deslocado... bom, foi exatamente como se o objeto tivesse se deslocado; na prática é a mesma coisa que o caso 2.

Pronto, é isso aí, acabou a extensa lista.

Vamos nos focar no problema 1, a sua bendita mão tremeu. Vamos assumir que o que você quer fotografar é imóvel, como uma árvore ou um prédio, ok? E que você não está se deslocando...
Algumas pessoas tem a mão bem mais firme que outras, e na fotografia existem pessoas com maiores ou menores graus de firmeza; há também formas mais corretas de apoiar a máquina para evitar tremores. Nem vou gastar muito tempo nesse assunto, porque qualquer livro básico de fotografia explica isso. Na dúvida, siga esse link. Em qualquer caso, o que você deve saber é que TODO mundo treme a maioria das vezes quando a velocidade é baixa demais, por vários motivos, inclusive a pulsação de nossas veias. E qual é essa velocidade mínima segura, então?

Ahá! Esse será o assunto do nosso próximo post, sobre por quê as fotos borram. E como não borrá-las mais.

Então concluimos por aqui, entendendo que o tripé funciona pois a máquina não irá tremer ao se clicar (pelo menos usando-se o timer, cabo disparador, controle remoto...). E em fotos com exposição muito longa (ex: uma foto de um lago à noite), sem tripé, tremer é o único resultado possível. É nessa hora que vamos sacudir o nosso chaveirinho e ele vai virar um tripé... opa, esqueci, isso ainda não existe :-(

Em tempo: essa foto aqui, por exemplo, fiz com a ajuda de um monopé. É bem mais leve que o tripé, e mais rápido de armar, bom para city-tours apressados como o que eu fiz. E mesmo usando uma velocidade bem baixa (1/8 de segundo), dá para ver nitidamente até os escritos na abóboda.

Abs e até!!!

domingo, 7 de junho de 2009

Eu odeio luz de flash (?)


Você provavelmente reparou no ponto de interrogação no título, e também no tema recorrente dos anjinhos. Destes, o mais relevante é sem dúvida o ponto de interrogação.

Por quê muitas pessoas em geral dizem odiar as fotos feitas com flash? Ora, será aquele visual de explosão nuclear de luz branca no rostos? (Na realidade a luz é azul, mas entro nesse mérito em um post futuro). Ou serão as sombras escuras projetadas na parede? Ou os olhos vermelhos que lembram um cachorro no escuro? Escolha o seu motivo. O fato é que quase todo mundo odeia flash mesmo.

Mas esse ódio é justo? Quero dizer, todas as fotos feitas com flash são tão horrorosas quanto aquelas que você tirou na noitada... hum... sim e não. Depende. Na verdade, aquelas fotos lindas tiradas em um studio profissional (imagine as boas, por favor, e não as ruins) também foram tiradas com flash. E, não, a diferença não é a máquina. Qualquer "xereta" (leia-se máquina horrorosa) nas mãos de um bom profissional - e com o equipamento certo de iluminação de um studio - pode fazer belas fotos. Nada próximo do que uma máquina reflex full-frame profissional faria, lógico, mas ainda assim coisa bastante boa, se impressa em tamanho pequeno.

"Mas então, pelamordedeus", dirá você, "onde está a maldita diferença"? Hum, vamos aos anjinhos. Repare na imagem que encabeça o post. Para melhor ilustrar, aqui estão as fotos originais, uma a uma.

A primeira foto foi tirada usando luz natural (da manhã), oriunda de uma janela, e suavizada ainda mais por uma cortina transparente. Coisa boa. Dá pra ver com alguma segurança que se trata de luz de uma janela pois ela incide lateralmente nos nossos anjinhos.



A segunda foto, coitada, foi feita com flash direto. Repare nas sombras horrendas projetadas pela cadeira e a pela planta, na parede, atrás dos anjos, do reflexo do flash nas taças... coisa do demônio. Bem que você disse "eu odeio flash". Cara (ou moçoila) esperto(a).



A terceira foto foi feita com... flash!!! Ora, mas como, dirá você. Simples. Flashes que não são aqueles que vem embutidos na câmera frequentemente tem o recurso de poder apontar o flash para o teto ("bounce"). Alguns, além do "bounce" (movimento vertical), também possuem o movimento horizontal da cabeça do flash ("swivel"). Com isso dá pra apontar o flash para (quase) tudo quanto é lado. Fora a possibilidade se se usar o flash desacoplado da câmera, disparado por fio, rádio-freqüência ou fotocélula (mas isso tudo fica para um post futuro).

Em resumo, a suavidade da luz (qualquer luz) é relativa ao tamanho relativo da fonte emissora de luz em relação ao objeto fotografado. Um flash é uma luz pequena (diz-se pontual): a cabeça do flash é infinitamente menor do que um bom lustre. Então a luz é mais "dura" (mais focada, mais sombras). Mas se apontamos para o teto (ou para uma sombrinha reflexiva usada por fotógrafos), a luz se espalha e volta. Então a nossa fonte de luz passa a ser boa parte do teto (nosso refletor), e isso é bem maior do que o lustre, por exemplo. Ou mesmo maior do que a janela, dependendo da janela. No caso da sombrinha, a fonte de luz fica do tamanho do diâmetro da sombrinha. Quanto mais próxima do objeto fotografado, maior o tamanho relativo da fonte de luz e portanto maior a suavidade da luz.

Se o que você pensou é "ah, mas não quero (ou posso) investir em um flash externo", bem, você já tomou a sua decisão quanto a que tipo de fotos vai tirar à noite. Ou tremidas (mesmo o estabilizador ótico e/ou ISO alto não fazem milagres completos) ou então com o delicioso visual de explosão nuclear. A decisão é de cada um; estética, gosto e capacidade financeira são assuntos complexos.

Se você pensou "puxa, minha digital nem sapata de flash tem", bem, complicou um pouco. Tem uns paliativos por aí, como flashes escravos, mas dificilmente isso vai resolver adequadamente. Se a qualidade da luz nas fotos à noite para você é importante, é bom que sua máquina tenha pelo menos uma sapata de flash.

Abs!!!